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Governo dos EUA omite as agressões aos direitos humanos que acontecem lá ou sob sua jurisdição, lembra o Itamaraty em nota divulgada na sexta
O governo brasileiro deixou claro, através do Itamaraty, que não está disposto a aceitar a prepotência da secretária de estado americana, Hilary Clinton, que divulgou, na sexta-feira (8 ), um pretenso relatório sobre direitos humanos em 194 países, com críticas descabidas ao Brasil. Em nota, a chancelaria brasileira respondeu que o governo brasileiro não se pronuncia sobre conteúdo de relatórios elaborados unilateralmente por países, com base em legislações e critérios domésticos, pelos quais tais países se atribuem posição de avaliadores da situação dos direitos humanos no mundo.
O comunicado assinala ainda que tais avaliações não incluem a situação em seus próprios territórios e outras áreas sujeitas de fato à sua jurisdição. Este trecho do documento, emitido no mesmo dia da divulgação do relatório do Departamento de Estado americano, é uma clara referência ao desprezo que o governo dos EUA tem por qualquer vestígio de direitos humanos de seu próprio povo, particularmente dos negros, dos imigrantes ou dos cidadãos que professam a religião islâmica naquele país. O relatório, frequentemente usado para impor sanções e represálias contra países e líderes desafetos, diz que a polícia brasileira desrespeita os direitos humanos e comete abusos, maus-tratos, tortura e assassinato de pessoas presas. O texto também se refere a um suposto problema de trabalho escravo e de trabalho infantil.
Nas entrelinhas, o governo brasileiro refresca a memória da secretária americana em relação às monstruosidades perpetradas por suas tropas nos países ocupados militarmente pelos EUA, como Iraque e Afeganistão. Os crimes cometidos em locais como a base de Guantánamo, em Cuba, de onde eles [os EUA] se recusam a sair desde o início do século XX, são alvo de graves denúncias de torturas contra os presos. Em suma, o governo brasileiro, diplomaticamente, mandou os EUA pararem de ser hipócritas e passarem a olhar a si próprio antes de sair por aí pontuando sobre a situação de direitos humanos dos outros, como além do Brasil, do Irã e da Coreia Popular.
ASSASSINATO
Hillary Clinton e seu relatório não dizem uma palavra das bombas jogadas pela aviação americana e a OTAN na cabeça da população civil da Líbia, sobre a destruição de cidades inteiras no Iraque, ou sobre o covarde massacre praticado por seus soldados contra jovens indefesos no Afeganistão. As cenas desse último massacre a que nos referimos, por sinal, foram mostradas recentemente, com exuberância de fotos e filmes, pela revista alemã Der Spiegel (veja detalhes nas edições 2948 e 2949 do HP). A dramática reportagem descreve o destino de Gul Mudin, um rapaz de 15 anos, que morava em La Mohammed Kalay, um povoado de seu país, o Afeganistão. Na manhã de 15 de janeiro de 2010, Gul Mudin estava trabalhando no campo quando chegaram os soldados norte-americanos. Em La Mohammed Kalay havia apenas camponeses desarmados tentando, apesar de tudo, viver em seu próprio país, prossegue e revista.
Dois soldados aproximaram-se do jovem Gul, que estava sozinho numa plantação. Um deles o chamou em pashtu, a língua local. Os soldados viram que Gul estava desarmado (não carregava nas mãos nem mesmo uma pá, disse depois um deles). Em seguida, fizeram como se o rapaz tivesse jogado uma granada neles e, depois, acabaram com ele, descreveu ao pai, como se estivesse contando algo rotineiro, um dos membros do pelotão, o soldado Adam Winfield, pela rede Facebook. Gul foi metralhado seguidamente pelos soldados Jeremy Morlock e Andrew Holmes. Depois, posaram com o cadáver para várias fotos, segurando a cabeça, como se fosse um animal abatido numa caçada. Um deles decepou um dedo de Gul e o guardou, como souvenir, conclui a matéria. A zelosa secretária não se lembrou de nada disso em seu relatório.
LEI
Em Guantánamo, centenas de prisioneiros de diversos países são barbaramente torturados e permanecem anos sem julgamento, sem acusação formal e sem condenação. Advogados de defesa então, nem se fala. Ali não há lei. O governo americano se acha no direito de prender, torturar, matar e humilhar pessoas sem nenhum julgamento, apenas por acusações genéricas de supostas ameaças à segurança dos EUA. Mas, a secretária de estado não sabe nada sobre isso. Ela só tem olhos para possíveis torturas e violência da polícia brasileira. Foram 43 páginas sobre o Brasil, até mesmo especificamente sobre as minorias da Bahia, e nenhuma linha sobre os massacres praticados por suas tropas contra populações inocentes. Nada sobre o Ato Patriótico, uma lei fascista que invade a privacidade de qualquer cidadão americano, em nome de uma paranóia anti-terror sistematicamente alimentada.
Coincidentemente, além do Brasil, Hilary critica também a Venezuela, mas, por outro lado, não vê nenhuma violência na Colômbia. É claro, com suas bases militares e com a ação de seus fantoches neste país reina a paz dos cemitérios. Os esquadrões da morte colombianos (os tristementes conhecidos paramilitares) continuam assassinando sindicalistas, jornalistas, camponeses e líderes populares, sem que o governo dos EUA emita qualquer condenação. Só na cidade de Macarena, no ano passado, foi encontrada uma vala comum com mais de 2 mil cadáveres.
A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, também rebateu o pretensioso e arrogante relatório americano: Nenhuma questão contida no relatório é nova, assim como não é novo eles [os norte-americanos] se arvorarem em apontar situações diversas sem que analisem suas próprias contradições. Para o mundo, também seria interessante debater a situação de tratamento desumano dos presos de Guantánamo [base norte-americana em Cuba], o tratamento de emigrantes na fronteira com o México, a existência da pena de morte em alguns estados e até a prática de castigos físicos em escolas para disciplinar crianças, afirmou.
SÉRGIO CRUZ
Fonte: Jornal Hora do Povo
http://www.horadopovo.com.br/2011/abril/2949-13-04-2011/P3/pag3a.htm
Exemplo dos Direitos Humanos praticados pelos Estados Unidos.
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